Matheus Navarro diz que segredo do WQS está no psicológico: “É difícil lidar com a derrota”
- Lucas D'Assumpção
- 2 de set. de 2020
- 4 min de leitura

O sul do país fabrica muitos surfistas talentosos a todo momento. Santa Catarina é um grande polo do surf nacional e a cada ciclo surgem atletas a nível mundial. O Blog Cutback entrevistou nomes catarinenses como Teco Padaratz, Petterson Thomaz, Lucas Vicente e etc. Nesta semana mais um nome das águas geladas fala com o Cutback: Matheus Navarro. O local da Praia Brava começou a surfar aos 6 anos de idade e em algum verão da época Matheus a ficou em pé no bodyboard. No ano seguinte ganhou uma pranchinha do pai, e com o incentivo de um parente que já surfava e de uns amigos vizinhos começou a levar o surf mais a serio. Ao longo da sua carreira, Navarro conquistou o Mundial Junior (ISA Games 2012), 6 vezes o circuito catarinense, brasileiro Junior 2011, WQS 1.500 Ron Jon Quiksilver Pro em Cocoa Beach, Flórida (EUA) e outros. Matheus conversou com o Cutback e falou sobre sua trajetória, dificuldade do WQS, planejamentos para 2021 e mais. Confira! Cutback: Para quem não conhece: quem é Matheus Navarro? Qual a sua trajetória no surf?

Matheus: Então, Matheus Navarro é um menino de 26 já, surfista profissional desde os 18 anos, teve uma carreira amadora brilhante, venci seis vezes o circuito catarinense, campeão brasileiro, fui campeão mundial sub-18 da ISA (International Surfing Association), atualmente corro o circuito WQS onde eu já fiz quatro finais e é isso.
Cutback: Qual a maior dificuldade da transação do amador para o profissional?
Matheus: Então quando eu era amador, eu já comecei a correr algumas etapas do circuito profissional sendo amador, tive alguns bons resultados, eu fui campeão de uma etapa do Catarinense profissional que na época valia pontos para o brasileiro e por eu ser amador eu não tinha tanta pressão, quando eu me profissionalizei teve uma dificuldade sim um pouco maior. Porque a gente tá acostumado a competir com a galera da mesma idade e sempre com os mesmos adversários, aí tu chega e pega uns caras bem mais velhos e sente uma pressão, mas é tudo uma questão de adaptação.
Cutback: O WQS é mais difícil pelas etapas, pelos competidores ou pelo fator psicológico?
Matheus: Eu acho que com certeza pelo fator psicológico porque a gente passa o ano inteiro fora, sempre viajando pelo mundo e muitas vezes sozinho e é muito difícil lidar com a derrota, a gente sabe que no esporte principalmente no surf a gente vai perder muito mais do que ganhar, então manter o psicológico em dia é a grande sacada da parada.

Cutback: Você já surfou em ondas do estado do Rio de Janeiro? Saquarema, Arraial do Cabo, Búzios...?
Matheus: Sim, eu já surfei nessa região. Pra mim, Arraial do Cabo é sem dúvidas uma das maiores ondas do Brasil, teve uma etapa do brasileiro amador que eu fui campeão Júnior e Open, que as ondas estavam simplesmente perfeitas, as esquerdas rolando perfeitas. Acho que eu nunca competi um evento com essa qualidade de ondas no Brasil. Todo mundo que tava no evento falou que era o melhor evento de ondas que já competiram, então Arraial do Cabo tem um espaço guardado no meu coração pra sempre.
Cutback: Sem as competições por conta da pandemia, como você está fazendo para se manter no hype?
Matheus: Graças a Deus a gente ta tendo a oportunidade de fazer um surf treino em Florianópolis com Aprimore Surf que é o Grilo(Pai do Iago Dora) e ta toda a galera do QS e do CT aqui do estado e ta sendo super bacana poder manter esse espirito de competitividade e a gente ta se puxando bastante, tamo aproveitando essa oportunidade mesmo não valendo muita coisa sendo só um surf treino, a gente ta com o espírito como se fosse uma etapa do WQS ou do WCT.
Cutback: Como está sendo o período de pandemia? Está treinando, tirando o tempo para a família, estudando...?
Matheus: No começo quando tava tudo fechado aqui no estado, tava sem sair de casa vários dias, sem sair sem surfar agora meio que ta voltando ao normal as coisas to surfando todos os dias, infelizmente ainda não ta podendo viajar pra vários lugares, as etapas só voltam ano que vem, então to aproveitando pra treinar aqui no nosso estado, tenho ido pro Paraná também surfar em Matinhos tem sido bem bacana e poder passar esse tempo em casa, a gente que é competidor não ta acostumado mais, a gente passa o ano inteiro viajando, por um lado ta sendo bem bacana ficar com a família podendo ficar em casa. Cutback: Qual o planejamento para o ano de 2021? Ficar entre o top100 do QS, entrar no WT...?

Matheus: Sem dúvidas é entrar no WCT, o foco é esse, a gente ta buscando isso. Mas agora é degrau por degrau né, mudou totalmente o circuito. Agora a gente tem que se classificar com primes depois classificar pro CT. Então a busca é essa e vamos pra cima.
Cutback: Conta um perrengue que você já passou em um mar.
Matheus: Acho que já teve algumas, mas um que marcou assim... Eu tava até comentando com meu shaper durante uma etapa do paulista em Maresias que as ondas estavam muito grandes e eu achei que já tinha chego no outside e quando eu pensei que já tinha chego, veio um série enorme e me varreu, fiquei muito tempo embaixo d’água, aí quando eu levantei não deu nem tempo de respirar porque tava tomando outra só lembro que eu abracei a prancha, deixei o resto da série me varrer e parei lá na areia com o corpo mole assim e foi um sensação horrível que eu nunca tinha passado.
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