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Conversamos com a Flamboiar: tipo mídia de surf, só que mais legal


Arte da Flamboiar

Um conteúdo de qualidade pode e deve estar em todas as plataformas existentes nessa era digital. Inovar e falar de surf nesse meio também é válido e a galera da Flamboiar faz isso com excelência: fala do esporte em formato inovador. A Flamboiar é um "veículo" de comunicação que fala para os seus seguidores no formato podcast e é um dos poucos a falar da modalidade nesse molde. Como eles mesmo dizem "é tipo mídia de surf, só que mais legal". Segundo eles, a vida inteira sentiram os efeitos do desencaixe, e isso já pareceu um problema. Só que quando agitadores crescem, eles deixam de ser um problema e se tornam solução porque não pensam igual, porque adoram, amam mesmo de toda alma, encarar uma boa encrenca. Alguém precisa fazer o trabalho pesado. O Blog Cutback conversou com um dos seus fundadores, Raphael Tognini. Que nos contou como surgiu o projeto, a sua trajetória na comunicação e mais! Confira! Cutback: Todos da equipe são jornalistas ou trabalham com comunicação? Como foi a idealização do projeto? Raphael: Cara, a idealização do projeto foi algo meio que natural na real, a criação veio ali de mim e da Carol Bridge. Foi um processo natural, a gente já trabalha há muito tempo e quando a gente criou a Flamboiar, acho que já tinha aí mais de dez anos de estrada trabalhando com comunicação e foi uma junção de coisas, de vontades e de coisas que a gente vê no mercado e não concordava. E história própria, dentro do surf e fora dele que foi culminando nessa criação, e a gente costuma dizer que na real esse projeto já nasceu com a gente, ele só saiu uma hora assim, acho que ele é resultado de uma vida. Eu venho do rádio/tv, trabalhei com surf minha vida toda mesmo antes da faculdade. Nasci em uma fábrica de prancha, então sempre trabalhei com comunicação ligada a surf, mas também trabalhei em tv e produtora, em revista, tanto revista de surf quanto em outras revistas. Então foi tudo na real, a construção de uma vida culminando nisso. A Carol é jornalista, formada em jornalismo, pós em jornalismo editorial e tal. Também trabalhou em grandes revistas, grandes projetos e a gente acabou se encontrando nesse caminho que virou o projeto de uma vida.

Fotos da equipe Flamboiar

Cutback: Vocês meio que são pioneiros em podcast voltado especificamente para o surfe. Qual a maior dificuldade que enfrentam? Raphael: É. A gente é da primeira geração de podcasters, teve o Boia do Júlio Adler que começou um pouco antes da gente, mas sim. Acho que a gente com ele somos os desbravadores desse meio e a maior dificuldade que a gente enfrentou que hoje é um pouco menor, foi explicar para as pessoas e mostrar o que era o podcast. Que a gente trabalhava já dentro da Flamboiar com vídeo, texto e tal, quando veio o podcast a gente estava apresentando um projeto novo dentro de um meio que não era tão conhecido das pessoas. Então, demorou um pouco. Estamos com um ano e meio de podcast e acho que, na real, a maior dificuldade foi essa. Mostrar para as pessoas esse meio novo. Hoje é bem mais tranquilo, as pessoas já entendem mais o que é o podcast. Acho que uma grande mídia aí fora do surf também começou a usar, o que ajudou nesse processo. Então acho que a maior dificuldade que rolou foi até hoje foi ser uma coisa nova dentro de uma coisa relativamente nova, então foi isso. Mas acho que hoje tem melhorado bastante.

Cutback: Como vocês veem o cenário do jornalismo de surfe hoje em dia?

Raphael: Cara, eu acho o jornalismo de surf hoje em dia... vou falar de Brasil que é onde a gente está e acho mais correto de falar. Eu acho meio inexistente. O que a gente tem de jornalismo, dependendo do ângulo que você olha hoje em dia de surf aqui no Brasil, é só uma coisa meio noticiosa factual “quem ganhou um campeonato”, “quem ganhou um patrocínio”, coisas bem “a ta, aconteceu isso. A gente viu que aconteceu e estamos replicando aqui”. Essa é a base de jornalismo de surf aqui no Brasil, é... acho que houve um passado que foi um pouco melhor de matérias, notícias, e realmente um jornalismo que corria atrás das coisas, mas hoje ele é quase inexistente. Boto até a gente no bolo aí de inexistência, embora a gente tente fazer, a gente vê outras pessoas querendo fazer iniciativas novas. Mas ele não rola, ele é inexistente aqui no Brasil por “n” motivos, por falta de verda, não existe verba pra jornalismo de surf, não existe quem fomente isso. É, eu acho que a gente tem o universo do surf ainda muito medroso com relação a autocrítica, então que é uma característica que deveria estar presente no jornalismo, a crítica e não a crítica por si só, mas a crítica como um instrumento de evolução. Tem esse melindre ainda no surf de não pôde discordar. Acho que a gente tem um mercado que acha que ainda depende do surfwear, e que daí não poderia fazer jornalismo porque precisa expressar opinião e opinião pode não satisfazer alguém e com isso tirar pouco dos recursos que tem. Então, eu acho que existem pontos que fazem com que a gente não tenha o jornalismo de surf, espero que a gente tenha isso em algum momento. Mas... Acho que esses motivos fazem com que a gente não tenha agora. Falta de investimento, porque é um negócio que é trabalhoso e demanda tempo e recurso. Existe um não amadurecimento ainda do mercado no meio do surf em relação ao que é jornalismo e olhar para si próprio aberto a críticas e a melhora. Então, eu acho que rola isso hoje em dia, não temos um jornalismo de surf, não por falta de vontade. Mas por falta de cenário mesmo, falta de possibilidade.

Fotos da equipe Flamboiar

Cutback: Lá atrás, antes da era da internet, revistas dominavam os veículos especializados na modalidade. Na visão de vocês, as revistas "acabaram" ou ainda cabe nos dias atuais? Raphael: Cara, as revistas acabaram de certa forma porque o tempo pediu isso, e acabaram bem entre as aspas que você colocou ali, acabaram por uma questão de época, elas acabaram também porque não souberam trabalhar. Acho que existe uma culpa aí das revistas que não souberam se encaixar num novo momento e eu acho que elas cabem muito ainda nos dias atuais. Eu acho que sempre vai ter espaço para o impresso, essa mídia física e eu acho difícil ela acabar, acho ela extremamente importante como eternizadora de conteúdos e histórias relevantes, então... eu vejo espaço para elas, sim. Acho que ainda cabe, a gente tem um amor muito grande pelo impresso, então assim como os discos não acabaram, os livros não acabaram, eu acho que as revistas ainda vão ter seus espaços aí desde que sejam feitas de maneira boa.

Cutback: As marcas de surfwear deveriam olhar mais para veículos de comunicação especializados? Raphael: Cara, as marcas de surfwear deveriam olhar mais para os veículos de surf especializados, porém eu acho que elas nunca olharam efetivamente, assim como não olham efetivamente para atletas, para fotógrafos, videomakers, jornalistas e shapers e qualquer coisa assim. Eu acho que olhando em um retrospectos aí, o surfwear, ele olhou para o mercado editorial de surf, como um anunciante ali, que eles iam botar a marca deles tanto em anúncios como tentar enfiar editorialmente ali e a partir do momento que eles acharam outra forma de fazer isso que foi pelas redes sociais, eles pularam fora e não olharam mais pra isso. Como eles olham menos para atletas hoje em dia, como eles não olham na real para o cenário do surf. Então, eu acho que deveriam, sim, olhar, mas meio que nunca olharam e também não vão olhar, acho difícil. Porque se olhassem realmente você teria um mercado forte de fotografia já que a gente está numa época de super imagens na internet e a gente teria um mercado de vídeo mais forte, a gente teria um mercado de surfistas mais forte. Que é o que não acontece porque o surfwear pouco olhou e hoje menos ainda porque ele é um vendedor de roupa, não é necessariamente um organismo desse universo do surf que depende dele.

Fotos da equipe Flamboiar

Cutback: Um repórter de surfe deve ter noção de tudo sobre o esporte? Raphael: Eu acho extremamente necessário. Precisa ter vontade de conhecer, sobre prancha, sobre comportamento de conhecer sobre a história, sobre o mar, de conhecer sobre as pessoas. É um esporte que não é “esporte”, tem toda essa discussão que é um estilo de vida. Então é uma coisa muito ampla e muito rica. Eu acho que não da para você ser um repórter ou jornalista ou conteúdista de surf, pegando esses novos tempos por uma tela de computador ou olhando do calçadão, eu acho que você não precisa ser um exímio surfistas, você não precisa saber sheipar um prancha, mas você precisa querer saber tudo isso. Então acho que é uma área que você precisa de uma imersão assim, você não precisa ser aquilo precisamente, mas você precisa estar imerso um tanto nesse ambiente.

Cutback: Para finalizar, deixe uma mensagem positiva para esse momento difícil.

Raphael: Caraca, essa é difícil até porque até a mensagem é difícil. Cara, todo caldo uma hora passa, pelo menos é o que a gente espera. Então é continuar remando. Uma coisa que a gente sempre conversa e discute muito aqui é que quando você vai trabalhar com surf e isso torna-se realmente sua vida. Então, não existe opção. A gente acredita que vai dar certo. É como se você tivesse no mar ali entrando a série atrasado e você vai remar para passar aquilo e a única coisa que você pode acreditar é que vai dar certo porque aquela é a sua vida. Então pra gente tudo isso faz parte da nossa vida, acho que mensagem mais positiva que eu possa deixar é: rema! Rema e acredita porque no fim das contas é a única coisa que a gente tem, então vamos lá, é a vida que a gente escolheu e a única que a gente tem. Então só remar cara, só remar e acreditar.

 
 
 

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