Conheça Jonas Letieri, o único surfista do mundo sem as mãos
- Lucas D'Assumpção
- 10 de nov. de 2020
- 3 min de leitura

A superação faz parte da vida de muitas pessoas. E, independente do motivo, uma coisa é certa: o esporte está lá para ajudar a levantar quem mais precisa. Jonas Letieri cresceu na Bahia, onde se apaixonou pelo mar e aprendeu a surfar. Um dia, sua família se mudou de Salvador para o Rio de Janeiro e acabou chegando a Cabo Frio.
Em 2011, Jonas, que é designer gráfico, sofreu um acidente enquanto realizava um trabalho. Ele levou um choque ao acidentalmente encostar em um fio de alta-tensão e perdeu as duas mãos. A coisa toda durou uns 15 segundos.
Apesar da perda, Jonas não desanimou. Junto com o surf ele superou a maior dificuldade da sua vida e seguiu em frente, surfando, competindo e se divertindo na modalidade. O jovem conversou com o Cutback e contou sobre a sua trajetória, os seus treinos, preconceitos que enfrentou e mais. Confira! Cutback: Primeiramente parabéns pelo seu surf e sua garra, você é a inspiração de muitos. Poderia contar um pouco da sua história? Quando começou a surfar...
Jonas: Comecei a surfar aos 13 anos. Quando eu vi a galera surfando pela primeira vez eu fui literalmente fisgado, eu corri para dentro da água e fiquei nadando em volta da galera assistindo, fissurado. Eu não consegui parar de pensar em surfar, toda a minha vida passou a ser em torno do surf desde aquele momento até hoje.
Cutback: Quem são as suas indicações no esporte?
Jonas: Tive a oportunidade de treinar com Kai Lenny, em Maui, e sem dúvida nenhuma ele é um dos atletas mais dedicados que eu já conheci, foi muito legal conviver e aprender com ele.

Cutback: Como que são seus treinos? Diários? São na praia, na academia...
Jonas: Tento passar o máximo de tempo possível dentro d’água, surfando, remando longas distâncias com o SUP Race, nadando e sempre procuro fazer treinos fora da água também, fortalecimento na academia e um pouco de ciclismo e corrida pra ajudar no cardio.
Cutback: Quando você falou que queria ser esportista de uma modalidade SUP, houve algum tipo de preconceito?
Jonas: Muitas pessoas não acreditavam que eu iria conseguir remar sem as mãos, não existia ninguém no mundo que fazia isso, era difícil de imaginar que seria possível, mas graças a Deus eu não dei ouvidos para aqueles que me desencorajavam e me cerquei de pessoas que acreditavam em mim e me incentivaram a todo o tempo e um ano depois de perder as mãos eu tive a ideia da adaptação do remo que me trouxe de volta para o mar.
Cutback: Infelizmente não teremos o surf na pralimpiadas, mas vocês estão se movimento para tentar o ingresso da modalidade?
Jonas: Em 2019 eu participei do US Open Adaptive que aceitou pela primeira vez a modalidade SUP em um campeonato mundial adaptive, esse foi o primeiro passo para ser reconhecido pela ISA [International Surfing Association], depois Parapanamericano e assim vamos conquistando nosso espaço, um passo de cada vez.
Cutback: Qual foi o maior perrengue que você passou em um mar grande?
Jonas: Num mar de 12 pés em Lunada Bay na Califórnia eu estava voltando pro outside depois de pegar uma onda e tomei uma série enorme na cabeça, o meu strap enrolou no remo e eu não consegui nadar, fiquei em baixo d’àgua um tempão, fui parar nas pedras o que tornou a situação ainda pior, consegui ejetar o remo do braço e nadei pra fora da zona de impacto, o remo ainda estava enrolado no strap, mas fora do perrengue eu consegui desenrolar. Foi bizarro mas eu consegui manter a calma e sair do mar tranquilo.
Cutback: Deixa algum recado para a molecada que se inspira em você.
Jonas: Nunca desista daquilo que você acredita, não dê ouvidos para aquelas pessoas que vão dizer que é impossível, trace suas metas e batalhe com todas as suas forças para conseguir e o principal de tudo, aproveite cada dia ao máximo, viva com o coração cheio de gratidão e alegria que Deus vai te ajudar a chegar lá. Aloha!
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